sexta-feira, 30 de março de 2012

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Mario Kart 7 3DS

 

Já faz vinte anos desde que Mario Kart foi lançado para o Super Nintendo, em 1992. Depois do sucesso de crítica e vendas, o jogo de corrida do encanador nipo-italiano mais carismático do mundo se tornou uma franquia vitoriosa, com edições lançadas em todas as plataformas da Nintendo desde então. Como já era esperado, o Nintendo 3DS não ficou de fora e recebeu Mario Kart 7, um jogo conservador e bem parecido com o que foi lançado há vinte anos, mas ao mesmo tempo bem adequado para o portátil da Nintendo.

Corrida maluca

Sendo Mario Kart um jogo de corrida onde cascas de banana na pista e mísseis tele-guiados podem definir o vencedor e o segundo lugar, sempre foi essencial para a série o bom balanceamento entre esses itens especiais e a habilidade ao volante. Desde o primeiro e bem equilibrado jogo para SNES, a Nintendo errou a mão no balanceamento de alguns Mario Kart e abusou da IA elástica (que dá itens melhores e faz os retardatários correrem bem mais que os líderes). Cascos azuis teleguiados bombardeavam o líder da prova a todo instante enquanto um roda-dura qualquer poderia conseguir o primeiro lugar mais por sorte que por merecimento.

Os itens especiais sempre fizeram parte da experiência de um Mario Kart, e neste jogo para 3DS eles foram felizmente usados com parcimônia. A raridade de alguns itens foi aumentada consideravelmente, assim como a eficácia dos mesmos. Saber usar os itens continua sendo parte da estratégia e sim, cascos azuis ainda existem, mas a corrida maluca ficou um pouco menos descontrolada e pirotécnica, valorizando mais a habilidade dos jogadores.

O bom balanceamento é o que faz um grande Mario Kart, embora seja demorado perceber o quão importante este detalhe é no meio de outras novidades de cada iteração. Mais fácil de enxergar são as novidades dos planadores e trechos submarinos em corridas. À primeira vista corridas que passam sob a água e logo depois colocam os pilotos planando em asas delta sobre abismos parecem desvirtuar demais a corrida de kart, mas essa novidade acaba se encaixando muito bem no universo de Mario Kart e foi muito bem implementada.

Os trechos subaquáticos não passam de variações quase estéticas das corridas normais, mas com a gravidade suavemente alterada. Já os planadores são uma mudança mais importante para a estratégia do jogo e quem souber como usá-los poderá acessar atalhos especiais ou escapar de alguns ataques, por exemplo. Mas também não é nada que altera drasticamente as mecânicas básicas do jogo, já que eles só aparecem em momentos específicos de algumas fases.

Para comandar tudo isso, a opção da Nintendo foi o direcional analógico do 3DS. A alavanca é sim um controle adequado para Mario Kart, mas não dá para entender por que não existe a opção de um controle alternativo usando o direcional digital, que foi o controle padrão de Mario Kart desde o Super Nintendo. Ao invés disso, restou ao direcional clássico a função ingrata de servir para mudar a visualização de jogo para um modo em primeira pessoa.

A ideia do modo em primeira pessoa é bem intencionada, mas dificilmente alguém escolheria essa visualização como seu padrão para corridas. Diferente do visão em terceira pessoa, aqui existem dois modos de controle: pelo analógico e pelo giroscópio, usando o 3DS como um volante. A possibilidade combinar a profundidade do efeito 3D do portátil com a direção pelo giroscópio parece sensacional, mas peca em um detalhe fundamental: Como o 3D do 3DS exige que a tela esteja em uma posição bem específica em relação aos olhos, ficar balançando o portátil estraga um pouco a experiência e tudo que o jogador verá na tela são borrões duplos.

Claro que se o jogador decidir acompanhar o balanço do 3DS com a cabeça a situação pode ser remediada. Mas além de um pouco fatigante, é impreciso.

Reforma sem revolução

Um ponto interessante no novo Mario Kart é a customização de carros. Agora é possível escolher o “chassi” do kart, o kit de pneus e o tipo de planador/asa delta que será usado no veículo durante a corrida. As escolhas não são apenas estéticas e refletem no desempenho do carro, portanto devem ser tomadas com cuidado. O jogo começa com algumas opções travadas e o jogador terá que coletar moedas durante as corridas para liberá-las. Basta juntar 50 moedas que uma nova peça é liberada.

Conservando a simplicidade, Mario Kart não tenta se reinventar no 3DS, mas deixa claro seu objetivo de evolução em relação aos antecessores. Muitos detalhes de jogabilidade que já existiam foram aprimorados, como o já citado balanceamento de itens e o bônus de velocidade com manobras aéreas e derrapadas. Ao mesmo tempo, outras ideias foram descartadas. Em relação ao último jogo lançado para Wii, é possível notar a ausência das motos e constatar que o número de personagens foi sensivelmente reduzido de 25 para apenas 16, sendo que o jogo começa com oito deles e o restante precisa ser destravado.

A faxina no elenco de Mario Kart 7 pode ser vista com bons olhos por alguns, afinal de contas, nem sempre mais é melhor. Funky Kong, versões bebês dos personagens e outros personagens sem muito carisma ficaram de fora. Certamente ninguém dará falta desses pilotos, mas entre os 16 que ficaram também existem personagens irrelevantes e sem graça. Pelo menos agora são uma minoria.

Mas nenhuma das “reformas” descritas pode ser considerada uma revolução. Mario Kart ainda é o mesmo jogo de sempre em sua essência. A estrutura básica do modo de campeonato é um bom exemplo disso. Como sempre, existem três níveis de dificuldade, 50cc, 100cc e 150cc, e oito torneios que podem ser disputados em cada um deles.

Cada torneio consiste de quatro corridas com oito pilotos, totalizando 16 novas pistas e 16 pistas clássicas escolhidas entre os seis jogos anteriores da série. Todos os circuitos novos são bem interessantes e interativos como Mario Kart deve ser, como por exemplo o Music Park, em que os corredores passam sobre teclados e xilofones gigantes, ou o Rock Rock Mountain, repleto de saltos imensos perfeitos para usar a nova asa delta.

Já as corridas dos jogos anteriores não são conversões simples. Todos foram adaptadas para as novidades de Mario Kart 7, com a inclusão de trechos submersos ou momentos para voar com os planadores.

No modo de campeonato o sistema para vencer também é tradicional: basta conquistar a melhor pontuação na soma de todas as quatro corridas para se sagrar campeão. Além dos Grand Prix, existem outros modos interessantes: Time Trials, Baloon Battles e Coin Runners.

Os outros dois modos são heranças dos jogos anteriores sem muita novidade. Em Coin Runners os jogadores precisam pegar moedas que aparecem pelo mapa e vence quem fica com mais delas. Já em Baloon Battles cada carro começa com três balões amarrados, e o objetivo é estourar o máximo de balões possíveis dos adversários preservando os seus próprios. São dois modos interessantes, mas seria legal outros tipos de confronto, sejam modos ressuscitados de jogos antigos ou novidades exclusivas de Mario Kart 7.

A falta de opções para modos de jogo é sentida ainda mais quando chegamos no multiplayer. Jogar com outras pessoas é algo fundamental em Mario Kart, mas sem uma TV que pode ser dividida para muitos jogadores, a versão para 3DS depende muito do online. Existe a opção de jogar com rede local, inclusive usando o download play para algum amigo que não tenha o jogo. Mas não é fácil reunir pessoas que tenham o 3DS e disposição para jogar partidinhas causais, logo o online é mais cômodo e prático.

E o modo online de Mario Kart não decepciona. É rápido encontrar adversários para as corridas causais ou competições formais, e o sistema tenta ao máximo colocar competidores de níveis de habilidade semelhante nos confrontos, graças a um sistema de pontuação e experiência. Geralmente em competições maiores o abandono de jogadores no meio é um probleminha, mas bem menor do que era no Mario Kart DS, por exemplo.

Além dos modos multiplayer online e por rede local, existem opções de download de ghosts de adversários via StreetPass e SpotPass, para comparar seus melhores tempos com os deles, mas é mais um detalhe curioso que algo realmente divertido.

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